Uma série de acasos fez com que fosse impossível que eu passasse ao largo deste livro. O título despertou a minha atenção e o interesse redobrou-se quando soube que a editora era a Maria do Rosário Pedreira. Era difícil fugir a tão forte cartão de visita.
Esta semana, a capa branca sorriu-me atrevidamente de uma montra à beira de casa. No mesmo dia, tal como tudo se tinha alinhado até então, acabara de terminar outra leitura e sentia-me pronta para um romance assim: de uma autora desconhecida, sobre um tema que é tantas vezes preterido à sua irmã mais velha - a segunda guerra mundial.
As primeiras 50 páginas revelaram aquilo que eu tinha esperança de encontrar: um livro muito bem escrito. Uma escrita madura, com traços bem definidos e que nos leva por caminhos de quem sabe muito bem o que quer dizer. Talvez peque, no entanto, pelo exagero na busca da perfeição. Dei por mim a pensar no esforço que cada frase parecia conter, como se tudo tivesse sido pensado milimetricamente e não houvesse espaço para o improviso ou para deixar que aquela história crescesse sozinha e falasse por si.
O enredo é engraçado e leva a que o leitor se interrogue se, em algum momento, a realidade terá invadido a ficção. Terá existido a fotografia de um qualquer Mateus Mateus com 2 metros de altura? Será que em algum ponto a autora se funde com a neta deste soldado e as suas tardes passadas num quartinho/escritório para os lados do Príncipe Real? Talvez nunca venhamos a saber, mas, convenhamos, o mais certo é que isso também não seja o mais importante.
Citações:
«Por isso me agrada tanto observar, em locais de chegadas e partidas - um terminal de aeroporto ou uma estação ferroviária -, a forma como cada pessoa se move, a andar, a correr, quantas vezes a tentar escapar-se, na única direcção possível, o futuro.»
«A noite abateu-se a rilhar os dentes de angústia e incerteza sobre o fechar de um dia sem história»
Citações:
«Por isso me agrada tanto observar, em locais de chegadas e partidas - um terminal de aeroporto ou uma estação ferroviária -, a forma como cada pessoa se move, a andar, a correr, quantas vezes a tentar escapar-se, na única direcção possível, o futuro.»
«A noite abateu-se a rilhar os dentes de angústia e incerteza sobre o fechar de um dia sem história»
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