domingo, 12 de janeiro de 2014

Afonso Cruz - Para Onde Vão Os Guarda-Chuvas


Eu e este livro não dialogámos. O que é estranho sendo um livro de Afonso Cruz e eu ter dado 5 estrelas aos 3 primeiros livros que li dele. Talvez fosse um problema de expectativas. Colocar um autor num altar implica da parte dele um esforço em dobro para surpreender e superar as exigências. Claro que ele não sabe que eu o "endeusei" e claro que não tem obrigação de me agradar. Tal como eu não tenho obrigação de adorar todos os seus livros ainda que ele continue a ser um dos meus escritores preferidos.
Esta é uma história simples e serena sobre morte e religião, assente na necessidade de respeitar e amar o próximo. De sermos os primeiros a apagar as linhas de giz que outros traçaram à volta de quem antes já não sabia para onde ir e agora não sabe que pode escapar. Este é um Oriente distante onde espreita a falta de valores que nos globaliza e que o amor nem sempre consegue subjugar.
Para mim foi somente uma história triste que escolheu morar num livro que as ilustrações e a paginação tornaram bonito e especial.


Citações:

«Só o inesperado é capaz de nos fazer verdadeiramente felizes, mas para isso precisamos da ignorância, que é o ingrediente mais importante para a felicidade.»

«Somos cães a correr atrás da própria cauda, sempre à procura, longe de nós, de algo que temos a abanar nas costas. O sentido da vida é como aquela brincadeira perpetuada pelos cretinos que existem em todos os empregos e que consiste em colar um papel nas costas de um colega, com algum insulto escrito. É isso a vida, um papel colado nas costas. Andamos a fazer figuras, a perguntar-nos a que se deve a felicidade dos outros, e o segredo está colado nas nossas costas.»

«(...) Jesus, um dia, passou com os seus discípulos junto de um cão morto. Eles disseram: que cheiro horroroso. E Jesus disse: que dentes tão brancos. É bonito, não é? Que dentes tão brancos, É melhor, caro Mudaliar, estar calado do que abrir a boca para dizer mal.»

8 comentários:

  1. Oh, que pena não teres gostado tanto :(
    Por acaso ontem acabei o "Jesus Cristo bebia cerveja", que foi a minha estreia com o autor, e gostei bastante... Mesmo assim ainda vou experimentar ler os seus restantes livros.

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  2. Não é que eu não tenha gostado, mas esperava que fosse arrebatador como os anteriores. É possível que seja um problema meu e que o tivesse adorado se lesse Afonso Cruz pela primeira vez.
    "Jesus Cristo Bebia Cerveja" também foi a minha estreia e é um livro incrível. Maravilhoso!

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  3. É uma pena mesmo, Inês. Honestamente, compreendo o que dizes, mas esta tua glosa deve-se, de facto, às expectativas altíssimas que tinhas. Por vezes, é necessário ingressarmos numa obra com mente aberta e vaga, para o desgosto e desilusão não nos cumprimentarem, para a estupefacção não ser prevista.

    Aqui fica o meu comentário ao livro, caso surja alguma curiosidade: http://rabiscosdoluar.blogspot.pt/2014/01/para-onde-vao-os-guarda-chuvas-afonso.html

    Boas leituras! :)

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    1. Quando regressamos a um autor carregamos sempre expectativas (boas ou más), é uma inevitabilidade. Mas as que trazia quando comecei a ler este livro eram as mesmas que tinha quando peguei no 2º e 3º livros aos quais atribuí 5 estrelas :)

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  4. Eu já li "Para onde vão os guarda-chuvas" e gostei. Foi a minha estreia com o autor e estou a pensar ler mais... Para além de "Jesus Cristo bebia cerveja" que outros livros aconselhas?

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    1. Não sendo romances, eu gostei mesmo muito de "O Livro do Ano" e da peça de teatro "O Cultivo de Flores de Plástico" :)

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  5. E eu estava pensando em comprar esse para conhecer o autor, acho que vou começar por outro. =)
    Beijinho!

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    1. Olá Lua, eu gosto mais do "Jesus Cristo Bebia Cerveja" mas há muita gente que começou por este e adorei. Fica difícil aconselhar :)

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